Capítulo 4 ( Parte 52)

"Dentro dela tem um coração bobo, que é sempre capaz de amar e de acreditar outra vez."

Caio Fernando de Abreu

Luan não poderia acreditar no que via, ela estava o deixando? Depois dele falar tudo aquilo? Depois de abrir seu coração, ser sincero, transparente? Depois de cair aos seus pés, depois daquele beijo? É rápido, abaixa e pega suas alianças, vindo com elas um punhado de areia e enquanto corria os pequenos grãos se esvaiam ao vento, corria pra alcançá-la, sua vida lhe dava as costas não podia aceitar, lutaria até o último instante, porque na vida sempre aprendeu a acreditar em seus sonhos e lutar por eles, não iria fraquejar, não  agora. – Vanessa! Vanessa! Me espera! 

- Não temos mais o que conversar Luan -  vira tirando do rosto os cabelos bagunçados pelo vento, ela chorava.

- Ainda não acabou. – consegue alcançá-la, a segurando com cuidado pelo braço. – eu não vou sair daqui sem você.

- Me solta, me deixa ir embora. – suplica – por favor? Vai ser melhor assim, melhor pra nós. – falava cabisbaixa.

Ele a segura pelos ombros, a saculeja um pouco, tentando inutilmente acordá-la, fazê-la enchergar: - Eu te dou um minuto, se você olhar nos meus olhos e dizer que não me ama mais, que não me quer mais por perto, não quer me ver perto do nosso filho, que tudo acabou, aí sim, eu viro e te deixo partir, mais só depois que disser essas palavras. – falava sério, seu tom a assusta.

Silêncio...

- Eu estou aguardando, vamos, diga! Olha pra mim! Nos meus olhos e fala isso! Diz que não me ama! – insiste enquanto ela permanecia de cabeça baixa. – Já se passaram trinta segundos -  olha o relógio.

- Impossível – diz baixinho – não posso.

- Não ouvi direito, pode olhar pra mim? – levanta seu rosto.

- Não dá, não posso dizer isso. – admite balançando a cabeça em um movimento de negação ele tinha vencido.

Um sorriso levemente irônico se forma no rosto de Luan: - Porque não? Você não disse tudo isso agora a pouco lá atrás? Que o melhor pra nós é acabar tudo? – ela concorda -  só quero que diga isso olhando em meus olhos. Não é pedir demais...vamos! Diga! – insiste.

- Impossível. – repete e consegue encarar no seu olho, os seus tremiam enquanto nos de Luan queimavam nos dela.

- Porque não consegue? – ele queria ouvir e sabia mais ou menos o que era, mais mesmo assim, queria ouvir.

- Porque meus olhos me traem, eles vão mostrar que eu não estou falando a verdade -  admitia sua derrota – que quando eu digo que não quero mais você é porque eu te quero perto, quando eu digo que não dá mais certo que e melhor estarmos separados, é porque quero que você insista, porque sou fraca demais pra admitir o que meu corpo, minha mente e meu coração insistem em dizer que é mentira,  e quando fujo como fiz agora é porque não consigo ficar perto de você sem querer te abraçar, te beijar e dizer que te amo. É mais forte que eu.

Luan sorri satisfeito : - Eu nunca duvidei disso. – acaricia seu rosto.

- Mais me deu motivos pra duvidar, e ainda dói muito. – Luan seca uma lágrima que começava a se formar no canto do seu olho.

- Eu sei, mais confia em mim? Não vai mais se repetir, tudo que eu queria e precisava ouvir foi dito agora, Vanessa – acaricia seu rosto, o sol se escondia entre algumas nuvens escuras, estava mais frio pra uma manhã que tinha tudo pra ser linda – eu te amo, e grito pro mundo inteiro ouvir  -  fala alto - EU TE AMO – abria os braços e gritava feito um louco – quero que essas palavras ecoem pelo universo e que outros casais vivam intensamente o que nós vivemos. Eu só preciso ouvir uma coisa agora....- espera.

- Eu... – para, diria mesmmo aquilo? - eu te amo! – sorri admitindo enquanto ele a toma pelos braços e gira várias vezes. 

- Repete? Repete? Repete? Por favor? Eu preciso ouvir isso!

- Eu te amo, eu te amo, eu te amo! – sorri enquanto ele a girava, não existia mais dor, nem a física, ele tinha o poder de trazer calma e segurança, a fazendo esquecer todos seus males.

- Me perdoa? Acredita em mim? – insistia. – Eu prometo...

Interrompe: - Sem promessas por favor?

- Então o que dizer? – a olha em dúvida.

- Você já disse tudo... – pensa um pouco – mais eu ainda afirmo que...Eu enfrentaria o mundo com uma mão, se você segurasse a outra. – sorri.

Não tinha mais dúvidas, giravam em sintonia com o vento, ele para e abaixa acariciando sua barriga e dando um beijo demorado. Lágrimas caiam do rosto de ambos.

- Eu amo vocês. – repetia enquanto Vanessa ria, parecia que o bebê também entendia a mensagem.

- A gente também ama o papai não é? -  ria acariciando a barriga, os ohlos de Luan brilhavam.

- Papai. – repetia -  EU VOU SER PAI! – grita enquanto uma revoada de pássaros faziam barulho, ventava muito.

Mais aquele momento é parado por um grito: - Vanessa! – olham na mesma direção, estranho, vinha uma aglomeração de pessoas, mais impossível não reconhecer a figura baixa e de cabelos longos correndo a frente dos outros.

- Bruna? – ela  olha Luan em dúvida.

- Eu precisava de ajuda. – sorri -  caso o plano A não desse certo.

- Vanessa? – fala cansada – olha perdoa o Luan, ele é um imbecíl, idiota, mal caráter, mais te ama, todos nós estamos sofrendo, queremos esse bebê e eu QUERO SER CHAMADA DE TIA! – Vanessa ria do desespero de Bruna.

Luan reclama – Hey, mal caráter não!

- Ah é? Defina-se numa palavra melhor? – desafia.

Vanessa ia se intrometer, mais as outras figuras chamam ainda mais sua atenção: Caminhavam juntos e com pressa, Amarildo, Marizete, sua mãe, Richard, Paula e Iara. – Meu Deus, o que é isso? – não entendia.

- Viemos ajudar, todos queremos ver vocês dois juntos e ver esse bebê crescer,  e eu principalmente, já pensou? Uma menina? Ah, vou apresentar minha coleção de esmaltes a ela.... 

- Luan? – Vanessa o olha sem entender.

- Plano B. – ele ri e segura sua mão.

- Espera o que está acontecendo aqui? Vocês já? – não acreditava.

- Fizemos as pases Bruna. – Vanessa admite.

- Ah não acredito! – Vira-se pros outros indignada -  voltem, voltem, não temos nada o que fazer aqui. – se irrirta.

- Mais o que aconteceu filha? – Amarildo grita preocupado, a areia atrapalhava seu caminhar.

- Meus planos! O Luan resolveu tudo sozinho, e acabou com minhas idéias, eram tão boas pai! Ah, ele devia ter me esperado!

Todos riem, mais ainda olham pro casal em dúvida, eles dão-se as mãos, Luan a abraça por trás e acaricia sua barriga, ai sim a tensão é desfeita de todos os rostos.

- Está tudo bem agora pessoal! – Luan tranqüiliza.

Os outros olhavam como quem perguntando – Sério? – Luan dizia isso, mais precisavam ouvir da boca de Vanessa, ela também entende e começa a falar.

- Nós conversamos, e está tudo bem -  olhava sua mãe – um dia alguém me disse – olhava Luan – que amar alguém incondicionalmente e não nos preocuparmos com o que essa pessoa é ou faz...

- Richard Bach -  Bruna desdenha sabia que era o autor preferido de Luan.

Vanessa continua -  É impossível lutar contra aquilo que é o nosso destino, e mais agora, quando tem outra vidinha aqui dentro, que precisa de nós -  ele acariciava sua barriga – não só eu e ele, mais todos vocês...acho que Luan não está diferente da minha situação, é tudo muito novo, estamos perdidos,  mais conseguiremos,  juntos, de alguma forma esse bebê veio com essa função, pensei muito esses dias sobre isso, e vejo que se concretiza aqui, ela tem o dom ainda pequena, de unir a todos, vejam só isso -  todos riem, sim, estavam todos juntos ali pelo mesmo motivo. - E que permaneça assim...

Todos se reunem em um abraço coletivo, uns choravam, mais não de tristeza, festejavam a alegria que se iniciava mais uma vez ali,  a barriga de Vanessa passou a ser o centro das atenções, Luan recebia os parabéns formalmente do seu pai, e dos outros, Marizete acariciava a barriga de Vanessa, junto com Bruna que fazia planos para o futuro, a idéia de ser tia lhe tomara por completo. 

Vanessa estava assustada, com as idéias mirabolantes de fazer com o bebê, iam de pintar unha até viagens pro exterior, imaginou a criança como uma boneca em suas mãos, Luan também percebeu a cara de susto de sua mulher – minha mulher -  pensava -  e riu vendo que  a criança seria tão mimada por Bruna, como ele mesmo fazia com ela.

Passam um tempo conversando, o sol estava frio pra uma manhã de sábado, até que algumas gotas D’água, tão minúsculas mais de um poder incrível , o de assustar as pessoas, e afujentá-las. Todos corriam em direção a varanda da casa fechada, a areia dificultava o trajeto até lá. Todos menos um casal.

Um casal que se entreolhavam, e entendiam o recado, entendiam o real significado daquela chuva que se intensificava, escorrendo por ambos os corpos, encharcando suas roupas, seus cabelos, mais incapaz de desfazer aquele sorriso.

- Mais uma vez a chuva. – Vanessa enlaça seus braços no pescoço de Luan.

Ele concorda e sorri: - Sempre ela... – ouviam gritos, os outros deviam estar chamando, mais não importava, aquele momento era dos dois.

- De alguma forma, o céu sempre nos une não é? Hoje é um novo início, eu penso assim..quando a chuva vem, como da última vez -  ele não entendia – é como se ela lavasse nossa alma, curasse nossas feridas...

- E depois da chuva, o sol surge com mais brilho percebeu? – ela concorda.

Vanessa o olha nos olhos, ela parecia lembrar de alguma coisa, Luan entendia isso, como ele sempre dizia, ela falaria cosias bonitas agora pra ele ouvir:  

- Mas, há dias em que a claridade se vai, o tempo fecha, o coração solta faíscas, as nuvens vêm cheias. De repente recobro o bom senso, saio do prumo, da linha. Olho para o alto e vejo que a chuva é sempre boa, pois é sincera. Tem de ser assim, sem sinceridade nada fica de pé, que me venha e me caia, benfazeja tempestade, intensamente. Nunca estive tão sóbrio tão ébrio, que me venha boa, toda, que me venha como o amor, quebrando barreiras, bom senso, regras, que me molhe até a alma.

- Que nos molhe...sempre...até a alma.  – Luan repete selando aquele momento com um beijo.

 CONTINUA...