Capítulo 4 ( Parte 12)

Vanessa percebe que a noite passou rápido demais enquanto abafava assustada o som do despertador para não acordar Luan ele apenas se mexeu e ajudou a libertando dos seus braços. Seis da manhã, trabalho, hora de levantar. Era difícil, mais ele devia estar cansado desde aquela noite no hotel que acordou cedo. Parou um tempo em frente a cama e o admirou dormindo de bruços, costas largas e braço caindo pra fora da cama. Não tinha dúvidas, um anjo bem a sua frente.

Toma seu banho pensando na noite perfeita que tiveram, era capaz de sentir o toque de Luan sobre seu corpo, seus beijos e ouvir os vários “eu te amo” ditos por ambos. Demora um pouco escolhendo sua roupa, e apronta a mesa do café, saberia que Luan acordaria por volta do meio dia, mais colocou várias frutas, pães, geléias e biscoito.

Pega um bloquinho e escreve:

Amor,

Fui trabalhar, não sabe a vontade enorme que estou de ficar com você.

Coloquei a mesa do café, tem leite, suco, iogurte e frios na geladeira.

Se alimenta por favor?

Se cuida, volto o mais rápido possível.

Te amo.

Vanessa.

Coloca o papel do lado da cama, ele veria. Dá um leve beijo em sua testa, inalando o máximo daquele perfume que levaria pro resto do dia e sai sem fazer barulho com uma vontade enorme de ficar.

O trânsito estava tranqüilo pra uma segunda – feira, ou ela estava se sentindo tão bem que a fila enorme a sua frente não a incomodava, afinal ele estava no seu apartamento, estava com ela, e isso era suficiente para deixar de bom humor durante toda a semana.

Cumprimenta todos na empresa e vai direto na sala de Nanny dar bom dia antes de ir pra sua, como fazia todos os dias.

- Bom Dia! – fala ao abrir a porta e ver Nanny mexendo em vários papéis.

- Bom dia! Recife te fez bem pelo visto.- elogia seu bom humor.

- Tecnicamente não foi Recife. – fecha a porta deixando Nanny na curiosidade e vai pra sua sala.

Sabia que não demoraria minutos pra Nanny abrir a porta e invadir sua sala cheia de perguntas.

- O que, como, quando e onde aconteceu? – Nanny senta de frente pra seu gabinete.

- Calma, calma – ria da cara de curiosidade – uma de cada vez, um nome só responde tudo Luan.

- O que ele fez?

- Quer ouvir? É muito longa a história...

- Estou todo ouvidos. – se acomoda na cadeira e espera.

Vanessa começa a contar tudo, desde os negócios da empresa o que deixava Nanny sem paciência pois queria ir direto ao ponto, falou da recepção na sua casa, das divergências com sua mãe, do show do Sorocaba, da conversa com ele e como foi encontrar ele e ser diferente, estranho, como se algo tivesse fora do lugar, até a sua viagem pro Rio durante a madrugada.

- E nesse momento ele tá lá agora, lindo dormindo no meu apartamento. Fim. – sorria como criança em dia de aniversário.

- Uau! Quanta coisa, inacreditável. – falava boba.

- Ele é inacreditável., lindo, perfeito, romântico, bobo, palhaço tão meu.

- Apaixonados . – Nanny esnoba.

- Um dia você vai entender que quando você ama, sente necessidade da outra pessoa, não por dependência, carência e outras “ências” – Vanessa explicava com brilho nos olhos -  mais porque é bom estar ali, corpo juntinho e coração de lado ouvindo a respiração, e como se sentir em casa. E não sabe o quão bom vai ser chegar e encontrar ele em casa.

- Tá, tá, tá bom. Quando eu tiver assim...

- Eu saberei. – ri da amiga esnobando o amor – mais obrigada, graças a você consegui escapar da Dona Mari.

- Não tem de quê, mesmo longe eu sou sua salvação, mais o que será que a Iara falou pro Sorocaba?

Vanessa pensa um pouco e responde: - Não sei, não tive notícias, com certeza ele deve ter estranhado a minha saída do show, não me ligou e...

- Você não deveria ligar pra ele? – insiste.

- Não, esse final de semana tudo se resolve, bom pelo menos uma parte, porque tem as fãs do Luan. – fala com medo.

- Que confesso amiga -  a olha dando apoio – que é pior que a rejeição da sua mãe.

- Muito pior.

Vanessa volta ao trabalho, mais seus pensamentos estavam todos naquele apartamento, em que horas ele acordou, se ele havia comido, se estava bem, queria deixar tudo e sair voando pro seu abraço, seu beijo mais os inúmeros cálculos e cláusulas a faziam tornar para a realidade.

Luan acordou por volta das dez. Tateou a cama a procura do seu corpo e ao invés dela encontrou um pequeno pedaço de papel, abria os olhos com dificuldade devido a luminosidade, o sol já estava alto, leu em silêncio o pequeno bilhete e riu dos cuidados e recomendações. Estava sozinho.

Levanta ainda sem roupa e vai direto ao banheiro, tudo dela era milimetricamente organizado, e podia sentir seu perfume em cada parte da casa. Toma banho, pega seu chinelo de dedo, bermuda e camiseta, abre a geladeira pegando o iogurte de morango, a mesa tinha geléia de morango, morango e outras frutas, dava pra perceber qual era a fruta preferida dela e isso arranca um leve sorriso, toma café estranhando o silêncio, arruma a mesa e ao passar pela sala vê que ali ainda estavam restos do jantar da noite, junta toda bagunça e arruma a sala, o mesmo fez com a cama.

- Não acredito que to fazendo isso. – pensava. – mais arrumar as coisas além de passar o tempo era uma forma de estar em contato com ela, pensava no que ela acharia quando chegasse e visse tudo arrumado, imaginava seu sorriso, sua carinha de felicidade e satisfação. Estava no seu ambiente, um tanto ainda desconhecido pra ele, queria saber como foi sua infância, suas brincadeiras preferidas, onde estudou, como era sua relação com seu pai, e o que ela disse ontem a noite o deixou completamente curioso: - Sou de maior, vacinada e capaz de decidir por mim mesma, ela não vai mais fazer isso por mim. – ainda tinha muito o que descobrir sobre ela, além de saber que era incrível.

Era errado mais começa a mexer em suas coisas, seus livros, vê que tinha um gosto literário muito bom, seus CD’s DVD’S, alguns eram familiar, pois tinha igual em casa. Encontra um álbum de fotografias e folheia, rindo de algumas fotos dela pequena, loirinha e com a cara emburrada posando do lado d eum cachorro três vezes maior que o seu tamanho. Por um segundo imaginou a sua menina, como ela dizia a Camila/Carolina, mais ainda preferia a Nicole, seria igual a ela, linda, loirinha e de olhos castanhos-mel.

Pelas fotos dava pra perceber a grande afinidade que ela tinha com o pai, sempre ao lado dele, no campo, na praia construindo um castelo de areia torto e desajeitado, no seus braços em frente a escola, e riu da cara de socorro dela ao segurar um violão duas vezes o seu tamanho.Mais também sentiu ciúmes, em algumas fotos um garoto insistia em aparecer ao lado dela e de Iara, beijando seu rosto, a abraçando. Queria ser aquele estranho, ter participado da vida dela antes, poder fazer tudo o que ele fez. Fecha o allbum e o guarda no mesmo lugar, precisava passar o tempo, ligou o aparelho de som, sintonizando em uma rádio local do Rio e começou a se dirigir pra varanda pensando em fazer algumas mudanças como deixou dito ontem a noite. Não seria arriscado, afinal quem acreditaria que viu o cantor Luan Santana arrumando uma varanda em um condomínio no Rio? Ria da possibilidade de aparecer estampado numa capa de revista arrastando uma planta.

- Vanessa! Vanessa! – Entra Nanny gritando com o NootBook sala a dentro.

- O que foi Nanny? O que aconteceu? – Vanessa leva a mão ao peito pensando ser algo com o Luan.

- Me mostra sua mão agora. – já vai pegando sua mão esquerda e olhando a aliança.

- O que foi? O que é que tem? – a olha sem entender.

- Isso. – vira o aparelho em sua direção e o que vê são fotos do show da noite passada. – lê a matéria.

“Cantor Luan Santana fez show ontem a noite no Rio e nossas câmeras capitaram isso – a foto direcionava para o dedo anelar esquerdo de Luan mostrando o anel – o cantor não usava seu habitual anel, e esse outro nos parece bem familiar.”

- Ai não. – coloca as mãos sobre o rosto não acreditando.

- Ainda bem que não te viram né amiga?

- Menos mal, precisamos resolver isso rápido, já to até vendo a falação no Twitter -  olha o relógio eram quase 16h. Uma hora a separava de Luan, precisava dele.

- Você quer ir embora?

- Não posso ainda falta uma hora pro meu horário. – fala decepcionada.

Nanny a olha sem entender: - As vezes não te entendo, Vanessa? Você é a chefe, pode sair uma hora antes se quiser – ela abria a boca pra responder – não vem com papo de ética e exemplo, esse tempo todo nunca fez isso e dois dias não vai matar ninguém.

- Você tem...

- Certeza absoluta – pega sua bolsa e a entrega juntando celular e jogando tudo dentro – toma vai encontrar o seu amor. – faz uma careta quando fala a palavra.

Vanessa não pensa duas vezes, pega as chaves e sai com pressa, queria encurtar o mais rápido possível aquela distância em minutos que lhe afastava de Luan. Voava pela avenida, parando no sinal amarelo, lembrando da advertência de Luan numa conversa dos dois, tamborelava os dedos sob a direção, parecia que o tempo não passava, estava pior do que trancada na sua sala olhando pro relógio e seu tic-tac. 

Estaciona na garagem colocando seu carro entre outros dois numa agilidade como nunca fez, trava e vai direto pro elevador. Lentidão. Térreo, primeiro, segundo, sexto, décimo,  décimo quinto andar. Já estava com as chaves na mão, parecia que era um sonho e precisava abrir aquela porta e ter a certeza de que ele estava lá, na sua sala. Só assim saberia que não tinha vivido um sonho. Que ele era sua realidade.

Gira a chave duas vezes e se depara, sim ele estava ali, não era um sonho, bem ali sentado em seu sofá, comendo pipoca e assistindo sem muito interesse a um programa de TV. A olhava assustado e depois com um leve sorriso por saber que era ela, que caminhava ao seu encontro, caindo sob seu colo.

- Tão cedo? – pergunta curioso.

- Eu resolvi me dar o tempo de aproveitar mais a minha visita, fiz mal?

- Não, eu estava tão sozinho, abandonado, trancado aqui, sem ninguém...- dava uma de coitadinho.

- E revirando meus CD’s, livros e álbuns? – o acusa.

- Como sabe? – diz surpreso.

- Imaginei que faria isso pra passar o tempo. Senti sua falta. É muito bom voltar pra casa e encontrar alguém, e esse alguém ser você.

- Você se sente só? – beija sua cabeça.

- Muito. – admite o abraçando mais forte.

- Não faz assim que eu largo tudo e venho de vez pra cá.

- E ficaria trancado o dia todo?

- Pra ter isso aqui? Valeria a pena.

- Luan...- para e ele percebe o tom da conversa.

- O que aconteceu?

- Melhor te mostrar. – levanta e pega seu Noot acha a página e mostra as fotos pra ele, que olhava com uma leve linha fina entre os lábios.

- Eles não perdem tempo hein?

- Não se importa?

- Você se importa?

- Estou preocupada. – admite.

- Temos que assumir logo então...

- Não! – fala alto – não agora, temos que acertar algumas coisas ainda.

- Posso ver meu twitter? – pergunta enquanto ela entrega o Noot e levanta. - Não quer ver?

- Já sei o que estão falando. – pega um copo e toma água seguindo para o quarto.

- Tem razão. – fala alto pela distância – minhas fãs são espertas! – ri .

- E você gosta disso né? – grita.

- Confesso que não me importo. – Vanessa aparece com outra roupa, era um vestido de fundo branco e detalhes em rosa e senta ao seu lado. – tenho você e logo vamos resolve isso, pelo menos já estão preparadas.

- Quem? Suas fãs? Nunca, quando souberem que sou eu...

- É você quem eu quero, e elas vão entender, garanto, é questão de tempo. Fica tranqüila.

- Impossível!

- Ah é? Então vem cá – sai puxando Vanessa pelo meio do apartamento até a varanda – fecha os olhos, preciso te mostrar como ficou.

- Não me diga que você...

- Xiii, abre quando eu falar ok?

Caminham mais um pouco, ele tapando seus olhos com uma das mãos e a guiando pela cintura com a outra. – Pode abrir.

CONTINUA...